A disfunção da articulação temporomandibular (ATM) é uma das causas mais comuns de dor orofacial, afetando até 25% da população adulta. A fisioterapia no tratamento da ATM alia técnicas manuais, exercícios específicos e tecnologia avançada para aliviar sintomas como dor ao mastigar, estalidos e limitação de abertura bucal. Além de restaurar a função, promove melhora na qualidade de vida.
O que é a ATM e por que dói ao mastigar?
Antes de tudo, é importante entender a anatomia: a ATM é a dobradiça que une a mandíbula ao crânio, permitindo movimentos de abertura, fechamento e deslocamentos laterais. Quando há desequilíbrio, a sobrecarga gera:
- Dor pré-auricular, irradiando para cabeça e pescoço.
- Estalidos (click) ao abrir ou fechar a boca.
- Restrição de amplitude, dificultando mastigar e falar.
Contudo, nem sempre o sintoma inicial é percebido logo — muitas pessoas ignoram o desconforto até a condição se agravar.
Causas da dor na articulação temporomandibular
A dor na ATM costuma ter múltiplos fatores desencadeantes. Entre os mais relevantes, destacam-se:
- Fatores oclusais e bruxismo
Alterações na mordida e o apertar involuntário dos dentes durante o dia ou sono geram microtraumas. - Alterações posturais (cérvico-mandibular)
A inclinação para frente da cabeça aumenta a tensão nos músculos mastigatórios, impactando diretamente a articulação. - Transtornos musculares e fibromialgia
Pacientes com fibromialgia muitas vezes apresentam pontos-gatilho dolorosos ao redor da ATM.
Fatores oclusais e desequilíbrios dentários
Mordidas profundas, cruzadas ou sobremordida excessiva sobrecarregam articulações, exigindo intervenções odontológicas e fisioterapêuticas integradas.
Bruxismo de vigília e de sono
O ranger ou apertar dos dentes — mesmo inconsciente — mantém a musculatura em contração constante, prejudicando a circulação local.
Relação com distúrbios posturais do pescoço
Cabeça projetada à frente altera o alinhamento cranio-mandibular, função que, portanto, precisa ser reeducada no consultório e em casa.
Diagnóstico em disfunções da ATM
Para elaborar um plano de fisioterapia no tratamento da ATM, primeiramente realiza-se:
Avaliação clínica
- Palpação dos músculos masseter e temporal.
- Medição da abertura interincisal (mm).
- Escalas de dor, como EVA.
Exames de imagem
- Radiografia panorâmica: descarta fraturas ou desalinhamentos ósseos.
- Ressonância magnética: avalia o disco articular e a presença de edema.
Questionários de funcionalidade
- Índices como Helkimo permitem monitorar evolução e ajustar intervenções.
Avaliação da amplitude de abertura mandibular
Registro em cada sessão para acompanhar ganhos de mobilidade.
Identificação de ruídos articulares
Estalidos e crepitações sinalizam desgaste ou deslocamento do disco.
Uso de escalas pain-tracking (EVA, algômetro)
Medições objetivas ajudam a comprovar eficácia das terapias empregadas.
Abordagem fisioterapêutica convencional
Sem dúvida, a fisioterapia no tratamento da ATM inicia-se com protocolos consagrados:
Terapia manual
Mobilizações articulares e liberação miofascial aliviam aderências, melhorando o deslizamento do côndilo.
Cinesioterapia
Exercícios de alongamento (ex.: abaixar o queixo contra resistência) e resistência para fortalecer a musculatura perimandibular.
Eletroterapia
- TENS: analgesia rápida.
- Ultrassom terapêutico: efeito térmico em profundidade.
- Laser de baixa intensidade: aceleração de processos de cicatrização.
Mobilizações articulares e técnicas de slice
As técnicas de Maitland e Kaltenborn visam restaurar a mobilidade natural da ATM por meio de movimentos controlados e suaves. Com mobilizações graduais, o fisioterapeuta ajusta a tração e o deslizamento do côndilo, aliviando restrições e melhorando a biomecânica articular. Essas abordagens também promovem a nutrição do disco intra-articular, reduzindo aderências e facilitando o deslizamento entre superfícies ósseas.
Exercícios de propriocepção mandibular
O trabalho de propriocepção fortalece a conexão entre sistema nervoso e músculos mastigatórios. Utilizando espelhos e dispositivos de biofeedback, o paciente aprende a identificar e corrigir desvios de trajetória ao abrir e fechar a boca. Movimentos guiados, como deslocamento lateral e avanço controlado, reeducam padrões motores, aprimorando o controle e prevenindo recidivas de disfunção.
Uso de recursos eletroterápicos para analgesia
Sessões combinadas de TENS, ultrassom e laser de baixa intensidade intensificam o efeito analgésico. O TENS reduz rapidamente a percepção de dor, enquanto o ultrassom aquece tecidos profundos e o laser estimula processos de regeneração. Essa sinergia potencializa o alívio, acelera o retorno funcional e diminui a necessidade de medicação.
Técnicas avançadas de fisioterapia
Quando a dor persiste, recorremos a recursos de ponta:
- Terapia por ondas de choque
Atua diretamente em pontos-gatilho, promovendo neovascularização e redução de dor crônica. - Fotobiomodulação
Laser de alta potência para controle inflamatório e estímulo de remodelação tecidual. - Biofeedback e realinhamento postural
Sistemas eletrônicos corrigem desvios cervicais que impactam a ATM.
Parâmetros de ondas de choque (foco, intensidade)
No tratamento da ATM, as ondas de choque podem ser aplicadas de forma focalizada ou radial, conforme a profundidade do ponto-gatilho. Recomenda-se iniciar com níveis de energia mais baixos (0,05 mJ/mm²) e ir aumentando gradualmente até um máximo tolerado pelo paciente, sem ultrapassar 0,25 mJ/mm². Cada ponto deve receber entre 500 e 1.000 pulsos, respeitando intervalos de descanso para evitar desconforto excessivo.
Protocolos de ultrassom terapêutico
Os protocolos mais usados combinam frequências de 1 MHz para tecidos profundos ou 3 MHz para áreas superficiais, aplicadas por 5 a 8 minutos em cada região afetada. É fundamental usar gel condutor e mover o transdutor em movimentos circulares contínuos para garantir penetração uniforme. A intensidade fica entre 0,5 e 1,5 W/cm², ajustada conforme sensibilidade do paciente.
Aplicação de laser de baixa intensidade
O laser de baixa intensidade atua estimulando a fotobiomodulação, com doses de 4 a 8 J/cm² em cada ponto-alvo. Em geral são realizadas de 2 a 3 sessões semanais durante 4 a 6 semanas, totalizando 8 a 18 atendimentos. Essa abordagem acelera a reparação tecidual, reduz inflamação e minimiza a dor, complementando outras técnicas fisioterapêuticas.
Importância da abordagem multidisciplinar e autocuidado
Para além do consultório, a eficácia vem de:
- Integração com odontologia e ortodontia
Placas miorrelaxantes customizadas e ajustes oclusais. - Papel da fonoaudiologia e psicologia
Técnicas de relaxamento e gestão do estresse — essencial para pacientes com bruxismo. - Orientações domiciliares
Automassagem com bola de tênis, calor local e exercícios diários de alongamento.
Colaboração com dentista e ortodontista
Além das sessões de fisioterapia, o trabalho conjunto com dentistas e ortodontistas é essencial para equilibrar a oclusão e reduzir a sobrecarga na ATM. Placas miorrelaxantes personalizadas ajustam o encaixe dentário durante o repouso, evitando microtraumas e aliviando a tensão muscular. O ortodontista, por sua vez, corrige desalinhamentos que prejudicam o movimento articular, promovendo maior conforto e amplitude funcional.
Estratégias de relaxamento musculofacial em casa
Praticar automassagem diária com movimentos lentos e circulares libera pontos de tensão nos músculos faciais. A aplicação de calor úmido por dez minutos, três vezes ao dia, relaxa fibras contraturadas e melhora a circulação local. Complementar com alongamentos suaves, como empurrar levemente o queixo contra resistência, potencializa o alívio da dor e previne a rigidez articular.
Educação sobre higiene postural e ergonomia
Manter postura correta ao usar computador é fundamental: posicione o monitor ao nível dos olhos e o teclado de modo que os cotovelos formem ângulo de 90°. Evite curvar os ombros e projetar a cabeça para frente. Faça pausas rápidas a cada hora para alongar pescoço e ombros, reduzindo a tensão cervical e protegendo a ATM de pressões indevidas.
Conclusão
Portanto, a fisioterapia no tratamento da ATM é comprovadamente eficaz para reduzir dor, restaurar mobilidade e melhorar a qualidade de vida. Com técnicas que vão da terapia manual ao uso de ondas de choque, aliadas a um cuidado multidisciplinar, é possível resultados rápidos e duradouros. Se você busca alívio para dor ao mastigar ou estalidos na mandíbula, agende já sua avaliação na DDC Fisioterapia. Nossa equipe especializada em fisioterapia ortopédica, esportiva e domiciliar está pronta para criar um plano personalizado e devolver o conforto à sua rotina. Entre em contato agora e transforme sua saúde mandibular!
Links úteis
Mayo Clinic – TMJ disorders
Revisão no PubMed Central sobre fisioterapia na ATM
Fisioterapia Ortopédica – DDC Fisioterapia
Reabilitação Funcional na ATM – DDC Fisioterapia